terça-feira, 29 de junho de 2010

- Haja Caio pra tanto "breu".

Carta para além do muro

(...) Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa. Hoje eu achei que ia conseguir, que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você, não me lembro quando, não lembro onde. Hoje havia calma, entende? Eu acho que as coisas que ficam fora da gente, essas coisas como o tempo e o lugar, essas coisas influem muito no que a gente vai dizer, entende? Pois por fora, hoje, havia chuva e um pouco de frio: essa chuva e esse frio parece que empurram a gente mais para dentro da gente mesmo, então as pessoas ficam mais lentas, mais verdadeiras, mais bonitas. Hoje eu estava assim: mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. Hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse. Por dentro também eu estava preparado para dizer, um pouco porque eu não agüento mais ficar esperando toda hora você telefonar ou aparecer (...) Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro ou do outro lado. (...)

(Caio Fernanda Abreu)


4 comentários:

  1. Pode crê! Com toda a profundidade...

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  2. caio
    necessito como água.
    bom dia, boa noite!
    abraço.

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  3. Des-acelerar,
    implica em 'ter tempo para'
    escolher...
    Escolher por onde r-ir e quem você quer levar junto.

    "Só compreenderás a tribulação quando tu estabeleceres uma estreita correspondência com tuas experiências prazerosas" Hammed

    Te amo, Vizinha!
    =*

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